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Mês: abril 2024

Otto Dix – A Denúncia pela Arte

O Pintor Alemão e a Guerra

Wilhelm Heinrich Otto Dix (1891-1969) foi um pintor expressionista alemão do século XX que expôs, em suas 129 obras produzidas, as barbáries da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a Grande Guerra. Sua trajetória na arte é diretamente correlacionada com suas experiências pessoais: o artista empenha-se em denunciar os horrores que presenciou nos campos de batalha. 

Nascido em Gena – Unterm Haus, na Alemanha, Otto Dix voluntariou-se no exército aos 24 anos, atuando em combate como artilheiro, graças a sua rápida ascensão no meio militar. Entretanto, em 1918, diante da derrota alemã, foi dispensado do exército em dezembro daquele ano. 

O impacto da guerra não foi exclusivo no âmbito político: a Alemanha adentra em um contexto sócio-político que geraria assombrosas consequências nas próximas décadas. Entre os desdobramentos do pós-guerra, os profundos danos psicológicos causados em soldados e civis merecem menção.

Frente à dor, ao desespero, à perda e às devastações causadas pela guerra, Otto Dix transforma o trauma sofrido em uma arte testemunho com traços expressionistas que denuncia e expõe as barbáries dos campos de batalha e os cruéis efeitos oriundos dela. 

O Expressionismo Alemão

O Expressionismo foi uma das correntes vanguardistas do início do século XX que rompia com a concepção artística predominante, liderada pelo figurativismo, e introduzia um contraponto de estética e de concepção, uma arte abstrata assegurada por uma realidade distorcida e uma crítica sociopolítica. 

Enquanto a arte figurativa apresenta uma concepção de representação artística indiscutivelmente ligada à realidade, o abstracionismo apresenta uma alternativa ao usar contrastes, ângulos e formas abruptas. O Expressionismo Alemão, em específico, ganha enorme destaque nas primeiras décadas do século XX, especialmente no contexto pós-guerra. 

A Arte “Degenerada”

Na Alemanha, com a chegada de Adolf Hitler ao poder, inúmeras expressões artísticas públicas – manifestações, peças, filmes e exposições de arte – foram classificadas como “impuras” ou “enfermas”. A arte moderna, predominantemente expressionista, já nos primórdios da década de 30, era definida por termos como “degenerado” e“bolchevique”. 

Em 19 de julho de 1937, em Munique, uma exposição foi organizada – sob ordem do führer – com o objetivo de elencar quais artes seriam inaceitáveis para as concepções estéticas do III Reich. Em outras palavras, quais artes representavam as “difamações anti-alemãs”. Foram reunidas 650 obras de arte que incluíam gravuras, esculturas, pinturas e livros – todos retirados de coleções de 32 museus públicos alemães. 

Ficava claro que tipo de estética e manifestação artística estava sob vigilância

Duas obras de Otto Dix foram selecionadas para exposição: Schützengraben (“A Trincheira”) de 1924 e Kriegskrüppel (“Aleijados na Guerra”) de 1920.

Kriegskrüppel (“Aleijados de Guerra”), 1920. Reprodução: The Museum of Modern Art (MoMA)

Neue Sachlichkeit (Nova Objetividade) 

O movimento Neue Sachlichkeit (Nova Objetividade) foi uma inclinação artística de intensa influência entre as décadas de 20 e 30, na Alemanha, que apresentava uma tendência figurativa derivada da arte expressionista. Dotada de um forte acento realista, os artistas deste movimento compartilhavam em suas obras um tom comum de denúncia e sátira moral, associada à crítica mordaz à sociedade burguesa e à guerra. 

Apesar do movimento ter sido fundado por Otto Dix e George Grosz (1893-1959) foi Gustav Hartlaub (1884-1963) – crítico, curador e historiador da arte -, em 1924, que o nomeou. 

A Nova Objetividade encerrou suas produções em 1933 quando o território alemão encarou a ascensão do Terceiro Reich e do Nazismo. Sua efêmera existência está associada ao seu comprometimento com um estilo de arte político de denúncia e de ferrenha crítica social. 

Otto Dix pintando. Foto: Ullstein Bild, acervo iconográfico alemão.

Coleção Die Krieg 

Entre os anos de 1810-1815, o pintor espanhol Francisco de Goya produziu um conjunto de 82 estampas artísticas que denunciavam o horror da guerra e suas fatais consequências. Essa coleção, intitulada Los Desastres de la Guerra (“Os Desastres da Guerra”) foi uma inspiração direta para Otto Dix. Contudo, o pintor alemão contava com um acréscimo inestimável: diferentemente de Goya, Dix presenciou e vivenciou as barbáries da guerra. 
Apenas em 1924, Otto Dix sentiu-se maduro para produzir uma série de 50 gravuras que, totalizadas, formariam sua obra Die Krieg (“A Guerra”). Tal coleção está disponibilizada pelo acervo digital do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA – The Museum of Modern Art)

Sturmtruppe geht unter Gas vor (“Tropas de Choque com máscara de gás”). Coleção Die Krieg, 1924. Reprodução: Museu de Arte Moderna, MoMA.

Zerfallender Kampfgraben (“Trincheira desintegrada”). Coleção Die Krieg, 1924. Reprodução: Museu de Arte Moderna, MoMA.

“Eu tenho muita experiência em relação a quem, ao meu lado, repentinamente cai morto abatido por uma bala certeira. Eu tenho experiência direta disso. E eu quis isso. Naquela época eu não era um pacifista – ou era? Talvez eu fosse uma pessoa inquisitiva, curiosa. Eu vi tudo aquilo pessoalmente. Sou uma espécie de realista, você sabe, que viu tudo ao redor com meus próprios olhos e posso confirmar que isto (a tela com uma cena de guerra) é exatamente assim. Tenho muita experiência de toda essa palidez, o abismo profundo da vida para mim mesmo…”

Otto Dix.

Otto Dix com suas obras expressionistas confeccionou uma arte de denúncia que expõe, sem restrições, remorsos ou ponderações, a crueldade dos campos de batalha. A verdade – nua e crua – das consequências de uma guerra eram vistas em toda Europa; Otto Dix apresentou esta realidade a todo o mundo. 

Seu trauma era seu testemunho; a Grande Guerra, sua inspiração. 

A realidade reverbera em suas pinturas, rememorando o espectador sobre as atitudes mais sórdidas, cruéis e inimagináveis que a humanidade já tomou nos tempos mais sombrios, duvidosos e temerosos que já viveu. 

Seu posicionamento antibélico é um protesto frente aos eventos que viveu e presenciou.

Otto Dix grita a denúncia pela Arte. 

Vale a pena conferir:

O Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA) não somente disponibiliza a coleção Die Krieg (“A Guerra”) de 1924, como também inúmeras obras de Otto Dix em seu acervo digital.

A Enciclopédia Itaú Cultural disponibiliza um pequeno artigo de referência ao movimento Neue Sachlichkeit (“Nova Objetividade”) destacando as contribuições de seus artistas membros e a descrição do conteúdo de suas obras.

O site Terra publicou o post “Otto Dix e a miséria da guerra”, escrito por Voltaire Schilling, que explora a trajetória artística do pintor expressionista alemão, destacando suas técnicas e influências. A publicação também acrescenta o contexto de produção das obras de Dix em um Alemanha nazista.

O portal Catálogo das Arte publicou uma breve biografia online de Otto Dix, destacando eventos pessoais que influenciaram sua carreira artística (desde seus estudos em Dresden a sua participação na Grande Guerra).

***

A produção artística de Otto Dix é um exemplo da conexão indissociável entre arte e política. Suas obras não somente denunciam os horrores da guerra como também criticam a sociedade que ignora seus traumas. O pintor alemão transforma a tragédia em posicionamento político antibélico e pacifista. 

Atenciosamente, 
Julia.

Nonsense – O Surrealismo da Literatura

Nonsense (def.): a expressão de origem inglesa nonsense foi criada para denotar algo sem sentido, nexo, lógica ou coerência. 

Humor Nonsense

A Literatura tem a formidável capacidade de instigar o imaginário – seja o do leitor, como comumente ocorre, ou mesmo do próprio autor. No último caso, entretanto, há a possibilidade de um ápice para o uso da imaginação: um estilo de criação de escrita que não somente inspira-se no imaginário, mas sim, em sua essência, concentra-se no subconsciente e nos artifícios que dele podem ser originados.

E se o fluxo desse estilo de criação fosse tão intenso ao ponto de criar uma lógica própria, descaracterizada de um senso comum e inimiga das normas da razão? Surge, então, a literatura nonsense

Repleta de características ímpares e pouco usuais, os escritos nonsense banham-se de uma própria linguagem: o constante uso de neologismos [criação de novas palavras ou atribuição de novos sentidos a palavras existentes], de palavras-valise [palavras novas originadas da junção de outras já existentes], alegorias e, especialmente, metáforas. 

O nonsense não somente ignora o aceitável e lógico e rejeita o senso comum; é um desafio constante aos parâmetros da lógica e da coerência e, acima de tudo, um afronte aos impostos limites da criação imaginária humana. 
Seria, então, o nonsense a ausência da lógica e da razão ou a presença de uma lógica não-linear, oculta nas entrelinhas e dotada de um fio condutor próprio e extra-autêntico?

O Surrelismo da Literatura

A literatura nonsense popularizou-se no século XIX, no Reino Unido, com dois grandes expoentes: Edward Lear (1812-1888), escritor de poemas, e Lewis Carroll (1832-1898), pseudônimo adotado por Charles Lutwidge Dodgson, famoso escritor inglês responsável pela autoria de “Alice no País das Maravilhas” (1865). 

O universo criado por Carroll em Alice nos País das Maravilhas exemplifica o estilo de criação nonsense em todos os âmbitos: na percepção de personagens, como o Chapeleiro Maluco, na ambientação dos cenários, como nas primeiras cenas da obra na toca do coelho, e no fluxo de consciência da protagonista, notado nos conselhos que recebe da Lagarta.

Carroll evoca uma percepção onírica que fascina qualquer leitor diante de um mundo repleto de uma lógica não-linear, de um humor desconexo e de situações que seriam comumente pouco críveis mas, na narrativa, assumem tons serenos. 

A Festa do Chá, ilustração feita por Lewis Carroll

Nesse sentido, o não-lógico abandona seu status de estagnado e subestimado e torna-se a oportunidade do novo. Esta percepção, possivelmente originada da literatura inglesa nonsense, reverbera suas características também no ramo artístico. 

O destaque ao subconsciente, a presença onírica, o abandono do senso comum, o uso de um fio condutor de sentido próprio e pouco convencional clama pelo Surrealismo

A estética surrealista transborda, em tese, a mesma essência do nonsense. Diferenciados por formas e métodos, ambos transformam em realidade algo que, na percepção comum, estaria fora de cogitação. O inimaginável diferencia-se do impossível; agora, toda criação que parta da imaginação tem lugar para sua existência. 

O Jogo Lúgubre, Salvador Dalí (1929)

Salvador Dalí, um dos maiores pintores do século XX e grande símbolo surrealista, concretiza em suas obras e na sua própria imagem que toda percepção é crível e possível. 

Seria o Chapeleiro Maluco capaz de pintar como um surrealista? Seria Dali um grande anfitrião em uma festa do chá com a Lebre de Março? Independentemente das circunstâncias, artistas surrealistas e escritores nonsense compartilham do mesmo espectro: a possibilidade de um criar ilimitado, irrestrito, extra-autêntico, dotado de uma lógica não-linear própria e, acima de tudo, diferenciando-se ao senso estético comum. 

Vale a pena conferir:

O artigo “O mestre do nonsense”, escrito por Marina Della Valle no blog Quatro Cinco Um, destaca nas obras de Lewis Caroll os elementos nonsense presentes, indicando suas possíveis origens e atribuições. O escrito, publicado em 2018, dedica-se a explorar esta forma de criação literária. 

O texto “O nonsense como crítica da lógica” de Mário Renato dos Santos, publicado em 2018 no site da Biblioteca Pública do Paraná, acrescenta à discussão as estratégias de Lewis Carroll e as versões anteriores que sucederam sua mais famosa obra, Alice no País das Maravilhas. 

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A ideia deste texto surgiu há um ano, durante uma aula de Literatura em que percebi as semelhanças entre a literatura nonsense e a arte surrealista. O desafio à lógica e ao senso comum que ambos estilos de criação imprimem é uma inspiração constante para todo tipo de criação humana. 

Atenciosamente,
Julia.

Zuzu Angel – Moda, Memória e Liberdade

Em 05 de junho de 1921, na cidade de Curvelo, em Minas Gerais, nasceu um dos maiores nomes da moda nacional e da luta pelos Direitos Humanos no país: Zuleika de Souza Netto, a grande estilista brasileira Zuzu Angel. 

Zuzu passou os anos iniciais de sua vida em Belo Horizonte e em Salvador, onde absorveu inúmeras referências da cultura popular que futuramente seriam englobadas em suas criações. Em 1939, mudou-se para a cidade maravilhosa, o Rio de Janeiro, onde permaneceu até sua morte. 

Casou-se em 1943, aos 22 anos, com o americano Norman Angel Jones e passou a adotar o nome de Zuleika Angel Jones. O casal teve três filhos: Stuart, Ana Cristina e Hildegard. O casal viveu em Ipanema até 1960, quando o casamento chega ao fim. 

O nascimento de uma moda (autenticamente) brasileira

Em um contexto em que a moda brasileira era regida por inspirações, tendências e parâmetros internacionais, além de alinhar-se a tecidos e modelos já padronizados, Zuzu Angel utilizou sua genialidade logo na primeira inovação que propôs: saias feitas com pano de colchão. 

A inovação não surpreendia apenas pelos preços acessíveis; os tecidos traziam cores (especialmente verde, rosa e bege) e estampas pouquíssimas utilizadas até então. Da inspiração nasceu a Zuzu Saias, confecção com o ateliê na própria casa de Zuzu, em Ipanema.

Graças aos ciclos sociais em que frequentava, conheceu Sarah Kubitschek, esposa de Juscelino Kubitschek e fundadora da obra as Pioneiras Sociais, que objetivava costurar roupas para crianças carentes e que contou com o apoio de Zuzu. 

Contatos possibilitaram que seus desfiles fossem frequentados pela alta sociedade carioca e a estilista em ascensão participou como figurinista de filmes e de peças teatrais nacionais. Sua inspiração estava nas referências brasileiras: cores, rendas, chita, madeira, contas de bambu e estampas com temas nacionais, que, até então, não eram considerados elementos elegantes. 

Zuzu Angel foi a primeira marca brasileira a ter repercussão internacional. Sua coleção, que apresentou baianas e cangaceiras em versão alta costura, foi exposta na Bergdorf Goodman na Quinta Avenida, em Nova Iorque. A estilista declarou ao New York Times: “No meu país, eles acham que moda é frivolidade, futilidade. Eu tento lhes dizer que moda é comunicação.”

Graças a imensa e positiva recepção de suas coleções, Zuzu Angel torna-se um talento internacional. Ela não tinha somente o domínio técnico: sua criatividade e autenticidade foram os elementos primordiais que lançaram a moda brasileira ao cenário internacional. 

Ronaldo Fraga, também estilista brasileiro, afirma: “Eu, sem sombra de dúvidas, a coloco como a estilista mais original. Ou talvez a primeira estilista a falar de temas hoje ainda caros no Brasil. A primeira estilista a falar em legitimidade na moda brasileira.”

O desaparecimento e a morte de Stuart Angel

Stuart Edgar Angel Jones (1946-1971), filho primogênito de Zuzu e Norman Angel, foi estudante de Economia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e integrante da luta armada contra a Ditadura Militar (1964-1985). No final dos anos 60, ligou-se ao Movimento Revolucionário de 8 de outubro – o conhecido MR-8 – e, como forma de  preservação e  segurança para sua família,  passou a adotar o codinome Paulo. 

Entretanto, em 1971, o jovem de 25 anos foi capturado no bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro. Stuart foi preso, torturado e assassinado no Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (CISA), localizado na Base Aérea do Galeão.

Zuzu Angel recebe em 1972 uma carta-testemunho de Alex Polari, ex-companheiro de militância que foi preso junto com Stuart. No conteúdo da carta, a mãe, que até o momento pensava que o filho continuava desaparecido, toma conhecimento sobre sua morte. A estilista brasileira inicia, então, uma incessante caçada para descobrir as circunstâncias do desaparecimento do filho, além do reconhecimento oficial de sua morte pelos agentes da Ditadura Militar e da questão crucial sobre onde estaria seu corpo. 

Em 2013, durante seu depoimento na Comissão Nacional da Verdade – organizada para apurar as violações dos Direitos Humanos cometidas entre os anos de 1946 e 1988 no Brasil -, Alex Polari reitera cada palavra escrita na carta de 23 de maio de 1972 endereçada a Zuzu Angel. 

Moda Política

Em 1972, ciente da morte de Stuart, Zuzu Angel organizou um desfile em protesto ao ocorrido. O evento aconteceu na casa do cônsul brasileiro em Nova Iorque. A estilista teve uma astuta estratégia: diante do decreto nacional que proibia que qualquer brasileiro deteriorasse a imagem do Brasil no exterior, o desfile ocorrendo na casa do cônsul também estava em território nacional brasileiro. 

As modelos selecionadas usavam figurinos bordados com fuzis, tanques e canhões, além de anjos amordaçados e meninos aprisionados; a própria estilista estava com um visual impactante: totalmente  vestida de preto, com um cinto de cem crucifixos e segurando um anjo de porcelana. 

Mesmo ciente das perseguições e ameaças que sofria de agentes ligados à Ditadura Militar, Zuzu Angel passou a denunciar à imprensa e aos órgãos internacionais as circunstâncias da morte de seu filho. Na vinda do secretário do governo americano, Henry Kissinger, ao Brasil, ela entregou pessoalmente uma carta que exigia uma providência legal sobre a morte de Stuart, uma vez que ele era um cidadão americano.

Zuzu Angel em seu ateliê de costura. Foto: Acervo Instituto Zuzu Angel

Reconhecimento de Zuzu Angel

Em 14 de abril de 1976, Zuzu Angel sofre um acidente de carro na Gávea, na saída do túnel Dois Irmãos em São Conrado e falece no local. Apenas em julho de 2020, a Justiça Brasileira reconheceu as circunstâncias do acidente e que Zuzu Angel foi morta por agentes da Ditadura e, em sua causa mortis no obituário, passou a constar “morte não natural, violenta, causada pelo Estado Brasileiro”

A incessante busca pela verdade e pelo reconhecimento da morte de seu filho Stuart, transformaram Zuzu Angel em um símbolo de resistência e de denúncia ante aos crimes cometidos pela Ditadura Militar (1964-1985). Além disso, a estilista brasileira é, possivelmente, uma das ativistas pioneiras sobre os Direitos Humanos no Brasil. 

Zuzu Angel não somente estabeleceu os parâmetros de uma moda verdadeiramente nacional como elevou a condição brasileira aos ambientes internacionais. A estilista simboliza a moda e a nacionalidade, a memória e a luta pela  liberdade. 

Vale a pena conferir:

O Instituto Zuzu Angel (IZA)disponibiliza grande parte do acervo iconográfico da estilista, especialmente seus croquis. É possível encontrar documentos, cartas e bilhetes pessoais, além de inúmeras fotos. 

No centenário de Zuzu Angel, há quase três anos completos, o Itaú Cultural fez uma publicação de homenagem à estilista, assim como a BBC Brasil – ambos destacam sua singular biografia, seu pioneirismo na moda nacional e os maiores atos de sua carreira.

Astrid Fontenelle, em seu canal no Youtube, dedica o décimo nono vídeo da série “Mulheres Admiráveis” a história de Zuzu Angel. Fornecendo detalhes da vida pessoal e profissional, o vídeo de, aproximadamente, 10 minutos faz um tributo à grande estilista brasileira. 

Há dez anos, o canal no Youtube da TV Cultura disponibilizou os arquivos visuais do desfile-protesto de 1971 feito por Zuzu Angel. Fragmentos do evento foram reunidos em um único vídeo.

Zuzu Angel. Foto: Acervo Instituto Zuzu Angel

Para estrear a coluna Biografias no blog, a primeira publicação é dedicada à brilhante estilista brasileira, Zuzu Angel. Em nome da Moda, da Memória e da Liberdade este texto é um tributo à Zuzu e à toda sua história. 

Inspiradamente, 
Julia. 

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